A IRA É DIFERENTE
Ao lado da impaciência, um segundo modo de
reagir perante as contrariedades é a ira, a irritação já acima mencionada como assídua
parceira da impaciência. Quando alguém se deixa levar pela ira, é porque perdeu – repentinamente
ou por acumulação de contrariedades – o controle emocional.
A pessoa irada não tem mais
autodomínio e extravasa a sua revolta por meio do grito (os terríveis gritos
das mães desgovernadas!), do safanão, da injúria, do palavrão (abra-se o ouvido no meio do trânsito de uma grande cidade), do
comentário ofensivo e grosseiro, da “cortada” (fecha a cara, levanta-se da mesa e vai-se embora sem
acabar de jantar) ou da violência: desde dar um pontapé num objeto ou fechar uma porta com
estrondo, até sacar o revólver e disparar.
Assim é a ira. Parente próxima, irmã siamesa até
– dizíamos – da impaciência, mas diferente
dela. Não é inútil, pois, repisar que a
impaciência é, essencialmente, a incapacidade de sofrer, de sofrer “com classe”, dignamente, como um filho
de Deus.
Importa insistir nisto porque é muito comum,
hoje em dia, considerar como modelos de
paciência comportamentos mansos (sem ira
nenhuma) que, na realidade, são exemplos da mais perversa impaciência. Refiro-me, por exemplo, ao
caso, tristemente trivial, de casais que se separam, após poucos ou muitos anos de
matrimônio e, fazendo alarde de uma pretensa “maturidade”, se gabam de que “não brigaram”,
não quiseram nem ouvir falar em separação litigiosa, e entraram em acordo “como gente
civilizada” (acomodando suave e serenamente os seus dois egoísmos).
Por trás de tanta calma, o que é que houve?
Vejamos de perto, e logo perceberemos que existiu uma elementar incapacidade de sofrer, de
aceitar e superar com generosidade as contrariedades e divergências normais de uma
vida a dois. Ou seja, houve a mais pura impaciência, uma impaciência radicalmente egoísta que, por
apresentar-se cinicamente calma e sorridente, é especialmente abjeta.
Costumam ter maior
grandeza de coração e de caráter – e mais conserto – os que cometem o erro de separar-se arrastados por
uma erupção vulcânica de raiva, de ira, de amor próprio ferido. A ira, às vezes,
é apenas um sinal de fraqueza. Mas a infidelidade fria e calculista é sempre o retrato do egoísmo.
Mas deixemos a ira para outra ocasião, e
tentemos enfronhar-nos na impaciência, que é o tema que agora nos ocupa. E, antes de mais, como
começo de conversa, será preciso reconhecer que todos nós, de um modo ou de outro, padecemos
deste mal. Ninguém escapa.
Por isso, será interessante procurarmos descobrir por que e
como é que nos impacientamos, a fim de enxergarmos melhor os caminhos que nos podem conduzir à
paciência, essa virtude tão amada, tão desejada e tão pouco praticada.
Por Padre Faus.
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Como está sendo seu comportamento diante dos outros? E principalmente de você mesmo e de Deus?
Está dando desculpas para deixar de ser duro?
Pense bem...
Fonte: www.padrefaus.org
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