Por Jailson Uriel Zanini
Então
um homem possuído por um espírito imundo pôs-se a gritar: “O que temos nós a
ver contigo, Jesus de Nazaré? Viestes para nos destruir? Sei quem tu és: o
Santo de Deus”. Jesus, então, disse: “Cala-te e sai dele”. “E agitando-se
violentamente o espírito imundo deu um forte grito e saiu dele”( Marcos
1, 23-26). O que pensar deste episódio narrado no evangelho?
O exorcismo é um tema atraente,
misterioso, ritualístico e também um mercado milionário. Nos últimos 40 anos,
livrarias do mundo todo foram inundadas por “obras” que pretendiam explicar
este fenômeno. Filmes, a perder de vista, foram produzidos tratando do tema tanto
especificamente ou tangencialmente, mas todos com uma pitada de elegância,
prazer e com toques cinematográficos para torná-los mais “palatáveis”.
Atualmente assisto a uma
espetacularização do exorcismo, líderes religiosos de diversas seitas
praticando este ritual de forma despreparada. Outro fenômeno assustador é a
forma inescrupulosa que “mãos” são impostas a fim de expulsar espíritos maus.
Entendo que muitas vezes estes espetáculos estão mais para uma feira, em que o
vencedor é quem grita mais alto.
Minha preocupação se dá quanto
aos perigos destas práticas financiadas por meio da publicidade, transformam o
Cristo em um garoto propaganda, templos em circo, a fim de enriquecer os “empresários
da fé”. Vale ressaltar que não são poucas as pessoas neste meio, de diversas
religiões, cuja cautela é sua missão,
afinal, o próprio Cristo advertiu seus discípulos quanto à proibição do
exorcismo (Marcos 9, 38-39).
A igreja(em especial a Católica)
nos ensina que o exorcismo é uma ação litúrgica – propriamente, uma ação
sacramental –, foi Jesus quem deu aos seus apóstolos a autorização de expulsar
os espíritos imundos. Os exorcismos podem ser classificados como públicos e privados,
ou seja, Solenes; são previstos para os casos de possessão ou obsessão
diabólica que, como está previsto no Ritual de Exorcismos, apenas pode ser
realizado por um sacerdote e com a devida licença do Bispo diocesano. Entretanto
é importante ressaltar que no exorcismo a personagem principal é Deus.
Quais seriam então as atitudes do
diabo? Quais são os males que ele pode oferecer? O Pe. Gabriele Amorth,
exorcista da diocese de Roma, ensina algumas destas formas: A “Infestação local” trata-se da
atividade que o diabo exerce sobre a natureza animada ou inanimada, por meio da
qual ele chega até o homem, seu alvo principal. Vexame, ataques
externos do diabo em determinadas pessoas, inclusive em santos. O diabo tenta
aborrecer, perturbar, levar ao desespero e assustar a pessoa. Possessão,
o pior ataque do diabo, quando ele entra no corpo da vítima (na linguagem
técnica são “fissuras”, “janelas” ou “portas” que facilitam a entrada do
demônio), fazendo ali sua morada temporária. Certamente a pessoa possuída não
fica continuamente sob os efeitos do ataque, e também o diabo não fica continuamente
no interior deste corpo, mas aquele corpo torna-se sua morada, até que ele seja
expulso por Deus por meio do exorcista”.
A
ciência, psiquiatria, psicologia,
neurologia e os céticos hoje diagnosticam e oferecem tratamento para muitos
transtornos antes encarados como possessão. O Ritual de Exorcismo
alerta sobre a necessidade do exorcista manifestar prudência e cautela, não
crendo imediatamente que alguém esteja, de fato, possesso; é necessário, pois,
a princípio, que se creia na existência de outros fatores, entre eles a doença,
sobretudo, de ordem psíquica. Esgotadas todas as possibilidades referentes à
anormalidade presente, inicia-se o processo para o exorcismo.
Na era da tecnologia, do
desenvolvimento industrial, nano, informática, na evolução intelectual, na
miséria e desigualdades sociais, das grandes vitórias do demônio destaco duas:
uma, fazer com que se creia mais nas obras do diabo do que as de Deus,
tornando-se, assim, um canal milionário para homens de má fé; a segunda, fazer
acreditar que ele não existe ou que não atua na história dos homens.
Por fim, creio que este mercado
milionário está longe de ser extinto, haja vista que, a cada dia, igrejas,
seitas, espaços de “fé”, são apinhadas a fim da busca pela salvação e a
riqueza; logicamente, alguém deve carregar o peso dos erros do homem, suas falhas
e sua distancia de Deus. Nada melhor que buscar e definir como culpado o “Pai
da mentira”, afinal, ele vai desmentir?
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