Já estamos vivendo o Tempo do Advento e o Natal
se aproxima com toda força. Uma figura importante deste grande evento anual e
secular é o Papai Noel. Esta personagem é um residente do imaginário infantil e
grande contribuinte para o comércio e o consumo na atualidade. Para pensar
acerca dele compartilho um artigo de Dom Caetano Ferrari, bispo de Bauru – SP.
Dom Caetano Ferrari
Bispo de Bauru - SP
É mais fácil explicar e a criança
acreditar que o Menino Jesus existe do que existe o Papai Noel. Que o
nascimento de uma criança está mais perto da realidade, do
compreensível, do que o de um velhinho. Como será mais fácil para ela
acreditar na cegonha que traz no bico um nenezinho do que um velhinho. A
cegonha é a mesma como o Natal é o mesmo, mas do nascimento do Menino
Jesus, o aniversariante cuja alegria enche os corações e faz as pessoas
no mundo inteiro se abraçarem, se amarem e se trocarem presentes. O
presente verdadeiro e melhor é o próprio Deus que fez-se criança para
aproximar-se de nós. Isso não é lenda, é uma verdade histórica.
Há um humanismo ateu que emociona as
pessoas anunciando e desejando um Natal maravilhoso, cheio de esperanças
e alegrias, com grandes realizações pessoais e transformações sociais,
porém não como dom e graça do Deus que se fez presente nascendo na
história, mas como o mito do progresso construído sobre a onipotência da
razão e da ciência tão inverossímil como a lenda do Papai Noel que as
crianças acreditam viajar pelos ares em trenós puxados por renas,
trazendo presentes para todos. Em ambas as perspectivas exigem-se o
esforço pessoal e o comprometimento de todos. Com uma simples diferença.
O cristão sabe que pode tudo com Deus e os outros. O ateu acredita que
se basta a si mesmo com os outros, mas sem Deus.
Que o Papai Noel existe é claro, mas
porque o Jesus do Natal existiu primeiro. Que ele é uma figura
importante é claro, mas que está a serviço do personagem mais importante
do Natal, que é Jesus.
Neste segundo domingo do Advento, no
Evangelho de Marcos, João Batista aparece no deserto, vestido de pele de
camelo, comendo mel e gafanhotos, declarando exatamente isso: “Depois
de mim virá alguém mais forte do que Eu. Eu nem sou digno de me abaixar
para desamarrar suas sandálias. Eu vos batizei com água, Ele vos
batizará com o Espírito Santo – Mc 1,1-8).
Todo bom Papai Noel não cria confusão na
cabecinha das crianças, mas se comporta como João Batista capaz de
dizer-lhes que, menos ainda do que João, ele é um simples servo de
Jesus. Jesus é o Emanuel, Deus conosco, que traz a graça e a salvação
para todas as pessoas, e João é o seu mensageiro e precursor.
No deserto, João Batista é a voz que
clama: “Preparai os caminhos do Senhor”. O advento nos propõe esta
caminhada de conversão em preparação para o Natal. Uma conversão
individual, comunitária, eclesial, social, que é sempre pessoal, porque
exige tomada de consciência do próprio pecado, seja meu seja seu, com
arrependimento e desejo de mudar, de melhorar, de transformar começando
primeiro comigo mesmo e consigo mesmo, para depois sermos mensageiros
das mudanças nos outros e no mundo.
Quando você vir um Papai Noel, lembre-se
de João Batista, aquele que nos convida a prepararmos os caminhos do
Senhor, com “vigilância e oração”, como nos foi proposto no domingo
passado, 1º do Advento, e com “arrependimento dos pecados e conversão
pessoal”, como nos propõe hoje este 2º domingo do Advento.
No Natal, Deus volta seu coração para
nós na ternura de uma criança e convida-nos, a mim, a você e a todos, a
convertermos nosso coração para Ele. Numa noite de Natal, na Catedral de
Notre Dame de Paris, Paul Claudel sentiu chegar a fé. Ele se converteu
na contemplação do mistério da Encarnação de Deus num Menino. Tornou-se
em grande místico e escritor católico. Ele que disse ter mil razões para
crer e mil razões para não crer, mas ele preferiu crer.
Adaptação por Jailson Uriel Zanini
Fonte: CNBB acesso em 06/12/2011.
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