"Deus eterno e todo-poderoso,
que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, rei do
universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e
servindo à vossa majestade, vos glorifiquem eternamente". Assim reza a
Igreja na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
Há um plano de Deus para o mundo, como o projeto de um artista, que
quer elaborar sua obra prima. De fato, nada foi feito para ser destruído
ou cancelado, mas tudo para a felicidade de todos os seres humanos. É
privilégio para todos nós tomar consciência de que a criação de Deus
chegou ao seu ponto mais alto quando, na descrição lindamente poética e
verdadeira dos primeiros capítulos do Livro do Gênesis, foi no último
dia que Deus fez o homem e a mulher à sua imagem e semelhança:
inteligência, vontade e capacidade para amar! Imagem e semelhança da
Trindade Santa, Deus que, desde toda a eternidade, é Pai e Filho e
Espírito Santo.
Em Cristo, Deus nos escolheu, antes da fundação
do mundo, para sermos santos e imaculados diante dele, no amor. Ele nos
fez conhecer o mistério de sua vontade, segundo o desígnio benevolente
que formou desde sempre em Cristo, para realizá-lo na plenitude dos
tempos: restaurar tudo em Cristo, tudo o que existe no céu e na terra.
(Cf. Ef 1, 1-14). Todas as realidades humanas encontram em Cristo sua
realização e seu aperfeiçoamento. A nós, homens e mulheres cristãos,
cabe fazer tudo para que toda a criação se encontre em Cristo e nele se
realize plenamente. De fato, toda a criação espera ansiosamente a
manifestação dos filhos de Deus (Cf. Rm 8, 19).
Jesus veio para a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus: "Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova"
(Cf. Mc 1, 14-15). Cristo é em primeiro lugar rei dos nossos corações e
chama a uma mudança de mentalidade, conversão. Seu poder não se
equipara aos de qualquer lugar do mundo ou época da história, mas supera
todos eles e lhes dá a possibilidade de se transformarem em instrumento
de serviço ao bem comum.
Chama-se "Reino de Deus" a paixão de
Jesus Cristo, que perpassa o Evangelho, ilumina as parábolas "do Reino",
contadas por ele, coloca-o diante dos poderes de seu tempo, com a força
para dizer que não é do mundo o "seu" Reino (Jo 18, 36). Não é do
mundo, mas atua e transforma o mundo! Este Reino não terá fim, e, já
presente aqui e agora, chegará à sua plena manifestação quando Deus for
tudo em todos! Para lá caminhamos, este é o nosso sonho, é o projeto que
catalisa todos os esforços dos cristãos, para que sejam atuantes na
história do mundo.
Optar por Cristo é a decisão mais inteligente que qualquer pessoa possa fazer.
Quando existem homens e mulheres renovados no Espírito Santo, estes
serão agentes de mudança, suscitando crescimento qualitativo no
relacionamento ente as pessoas. Esta escolha abre estrada para a
libertação das muitas amarras que escravizam as pessoas. Quem segue
Jesus Cristo escolhe valores diferentes daqueles que comumente norteiam
as ações de muitas pessoas. A Missa da Solenidade de Cristo Rei no-los
descreve: "Reino eterno e universal, reino da verdade e da vida, reino
da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz".
Tais pessoas servem à majestade de Deus. Ainda que as imagens dos
palácios de todos os tempos possam influenciar na compreensão da
expressão, trata-se, sim, de prostrar-se diante de Deus e servi-lo. E
servir a Deus é reinar e transformar o relacionamento entre as pessoas. É
sair do círculo vicioso da incansável luta pelo poder de todos os
tempos. Só quando nos inclinamos diante do poder de Deus é que
descobrimos a estrada da realização plena da humanidade. A glorificação
eterna de Deus é meta e caminho. Sem escolher a Deus como Senhor de
nossas vidas, os reinos que disputam dentro e em torno de nós
continuarão a ganhar as porções de nossa dignidade e de nossa
felicidade.
Venha a nós o vosso Reino! Vinde, Senhor Jesus!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA
Dom Alberto Taveira
foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo
Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário
Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em
Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além
das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de
dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.
19/11/2011 - 00h00
Fonte: http://www.cancaonova.com formação acesso em 20/11/2011.
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