23 de maio de 2011

Qual a diferença entre a beatificação e canonização?




Nos últimos dias fala-se muito em beatificação, os mais recentes foram João Paulo II no dia 01 de maio e agora no dia 23 de maio foi a vez de Irmã Dulce. E em meio a tanta festa da igreja e seus seguidores, uma questão que nos chega: Qual é a diferença entre beatificação e canonização, por isso coloco abaixo um trecho do livro Como se faz um santo para tentar deixar um pouco mais claro essa grande comemoração! Jailson U. Zanini



Cardeal Saraiva Martins
A beatificação é primeiro passo em direção à canonização definitiva. Do ponto de vista histórico, o termo «canonização» foi utilizado pela primeira vez por Alexandre III em 1171; ao passo que a distinção entre beato e santo foi formalizada por Sisto IV em 1483.



Com a beatificação declara-se a santidade de vida do beato e é permitido o culto público em sua honra no âmbito limitado de uma diocese ou de uma instituição eclesiástica (uma congregação religiosa, por exemplo). A canonização implica uma declaração especialmente solene de santidade e prescreve o culto público em toda a Igreja. Portanto, enquanto a primeira tem uma dimensão local, a segunda possui uma dimensão universal. Tanto a beatificação como a canonização pressupõem, contudo, a declaração prévia da heroicidade das virtudes praticadas pelo beato ou santo.



O que se entende concretamente por «virtudes heroicas» ou «de grau heroico»? O dicionário não nos ajuda a esclarecer ideias. Ele, na verdade, diz-nos que os herois são pessoas diferentes do comum dos mortais, ilustres e famosas pelos seus feitos clamorosos ou por terem realizado ações incríveis: no fundo, um modelo que se encontra no polo oposto da vida ordinária. Compreende-se perfeitamente que, com esse conceito de heroi, seja bastante difusa a ideia segundo a qual as «virtudes heroicas» são as praticadas mediante manifestações inusuais, dando assim a entender que a normalidade por sua vez se identifica com a mediocridade.



Não há nada de mais falso: heroicidade e normalidade são – e deveriam ser para todos – termos que não se excluem de modo algum. Aliás, não tenho dúvidas em definir a heroicidade das virtudes como a perseverança no cumprimento dos próprios deveres cotidianos. A santidade conquista-se no âmbito da mais estrita normalidade, sem ser ou se considerar superior aos outros, deixando que Deus atue em nós e dirigindo-se a Ele como a um amigo.



Durante séculos predominou um gênero literário que tendia a pôr de parte a resposta cotidiana dos santos aos implusos da graça e exaltava, pelo contrário, os seus feitos heroicos – mais propensos a causar admiração do que a suscitar o desejo de os imitar – e os fenômenos místicos, distantes da perspectiva dos cristãos comuns e da sua vida ordinária. Contudo, os santos não se santificaram com um determinado ato heroico isolado, mas antes pela fidelidade com que procuraram cumprir no dia a dia a vontade de Deus através dos pequenos deveres cotidianos. A santidade consiste, não tanto em fazer coisas extraordinárias, mas no fazer de maneira extraordinária as coisas ordinárias da vida de cada dia.



(Trecho extraído do livro “Como se faz um santo”,
página 25-26 de Cardeal Saraiva Martins)

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