25 de dezembro de 2009

A origem do natal



Celebrado por milhões de pessoas em todo o mundo, o natal, sem dúvida alguma, tornou-se a data mais esperada pela cristandade.

Se pretendêssemos fixar o momento certo em que se iniciou historicamente a Festa do Natal teríamos de aceitar o próprio dia atribuído ao Nascimento de Jesus Cristo na lapinha de Belém de Nazaré há quase dois mil anos.

Efetivamente, logo que foi anunciado o acontecimento, acorreram em festiva romaria os pastores dos lugares próximos para contemplar, saudar, homenagear e adorar o Menino Deus, ali revelado em corpo físico à Humanidade.

A presença de toda essa boa gente tornou-se assim e desde logo na primeira grande festa de Natal acontecida no mundo cristão.

O problema que entretanto se levanta aos historiadores é o de determinar ao certo qual o dia do calendário que registra o fato, já que não há documentos nem históricos nem arqueológicos.

Terá sido o dia 28 de Março? Admitindo que a «separação das trevas e da luz» coincidia com o equinócio (25 de Março), o Sol teria sido criado, segundo cálculos astronômicos muito hipotéticos, a 28 desse mês; esse como Dia do Sol significaria forçosamente o do aparecimento de uma nova luz para o Mundo - Jesus Cristo.

Por outro lado, e por correções feitas à tese proposta por Hipólio, poderia concluir-se que, tendo Jesus Cristo morrido a 25 de Março do ano 29 e sido concebido 33 anos antes, o seu nascimento deveria cair a 25 de Dezembro do ano de 5500 depois de Adão.
O Prof. Dr. Carlos Alberto Ferreira de Almeida, refere a opinião de Duchesne, pela qual é retomado o dia 25 de Março (dia da Anunciação a Maria), nove meses depois do qual, portanto a 25 de Dezembro, ocorreria o nascimento.

Todavia, em conclusão, o referido Professor acrescenta:
«Esta teoria, que pressupõe a anterioridade da festa da Anunciação parece ser falsa. A festa do Natal, a 25 de Dezembro, é mais antiga, e assim foi o Natal quem comandou a Anunciação, a marcar nove meses antes».

De qualquer maneira, a questão que se debate não assume proporções de importância definitiva no que respeita às comemorações, porquanto a Igreja dos primeiros tempos preocupava-se sim com a celebração da morte dos seus santos e mártires em conseqüência do relevo dado à Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.

A morte era verdadeiramente o nascimento (Natal) para a vida eterna e para a contemplação gozosa do Senhor no céu. Dai que não se possa documentar a festa do nascimento de Jesus na antiguidade.

Verdade tradicionalizada desde o século III era a celebração do Natal na festa da Epifania de Dionísio, deus grego, portanto prática oriental de inspiração pagã. De 5 para 6 de Janeiro homenageava-se a aparição do deus (epifania) - deus do vinho, purificador e salvador, deus dos escravos e dos senhores, dos pobres e dos ricos, deus que morre no declínio das vinhas e ressuscita em cada estação com a nova luz do solstício do Inverno. Nesse dia surge a luz e ocorre o prodigioso milagre do vinho que brota nas fontes e corre nos rios...

Também a liturgia cristã fixara para essa data o milagre de Canaã; também Santo Epifânio (367-403) acredita no milagre das fontes de vinho nesse dia 6 de Janeiro, o mesmo dia que no «tria miracula» do Breviário Romano celebra a condução pela estrela dos Reis Magos até à gruta de Belém, as referidas bodas de Canaã, o mesmo dia em que Jesus manifestou o seu desejo de ser batizado nas águas do Jordão por João Batista e ainda comemorativo do milagre da multiplicação dos pães.

E curioso é, a propósito da transformação da água em vinho, manter-se ainda viva atualmente a crença em tal milagre, como acontece, por exemplo, no Tirol e na Suábia. Na Baixa Bretanha ainda hoje se acredita também que pelo Natal esse milagre acontece à Missa do Galo: exatamente no momento da Consagração as fontes começam a jorrar vinho.

A aculturação da antiga festa pagã do Sol no dia em que o astro «se levanta para não mais se deitar e o Universo está iluminado pela luz do Senhor», acabou por influenciar a Igreja Romana, a qual também começou por celebrar o Nascimento de Cristo na data da Epifania.

No século III-IV, Roma celebrava a festa do Sol, por motivo do nascimento do deus Mitra Salvador, no dia 25 de Dezembro, data do solstício do Inverno no calendário Juliano e, por um lado, carecendo a Igreja, como dissemos, de documentos históricos, e, por outro, desejando cristianizar as festas pagãs, aproveitou esta a circunstância para fixar o dia 25 de Dezembro como o do Natal de Jesus.

Assim fazia coincidir, em perfeita apropriação, o culto pagão do Sol com o brilho do nosso Sol que se acendia para iluminar o mundo das trevas, como depois referiria Santo Agostinho ao exortar Os cristãos a celebrar agora, não o Sol, como o faziam os pagãos, mas Aquele, Nova Luz, que o criou.

«O Papa São Leão - escreve Augusto Hollard (26) - conta-nos mesmo que os fiéis, após assistirem aos ofícios divinos» - e isto a propósito das festas romanas do Sol - «na basílica de São Pedro, se reuniam no mesmo dia com os místicos de Mitra para tomarem parte na liturgia do mistério mítrico.

Acreditava-se, ao que parece, que as grandes fogueiras acesas para festejar o incremento da luz auxiliavam o Sol a subir acima do horizonte. Esta concomitância mágica - conquanto tenha perdido hoje em dia seu significado - subsistiu até em nossas festas de Natal, em que são acendidas veias na árvore.»

Consagrado desde o ano 336, só no entanto em 353 o Papa Libério instituiria definitivamente em Roma a Festa do Natal em 25 de Dezembro.

A Igreja Oriental resiste ainda muitos anos à implantação da nova data: no Egito, depois do ano de 432; em Jerusalém só a partir do século VI; na Arménia e na Mesopotâmia, depois do século XIV; e atualmente os monofisitas armênios ainda mantém o dia 6 de Janeiro celebrativo do Nascimento de Jesus.

Sem. Fernando Cezar
E-mail: Cezar@solar.com.br

Imagem: http://downloads.open4group.com/wallpapers/belissima-arvore-de-natal-156a8.jpg

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